Educação e Sujeitos (de) subalternizados.

                  



1) Título do livro:    Educação e sujeitos (de) subalternizados.

2) Organizadores: Janine Couto Cruz Macedo, Nêmia Ribeiro Alves Lopes, Maria Aparecida Brito Oliveira, Érico da Silva França

3) Palavras-chave: Educação, Sujeitos, Resistência.

4) Área do conhecimento:   Ciências Humanas

5) Tema:   Debates sobre questões atuais em educação e ensino

6) Editora;   Casa do Novo Autor.

7) E-mail do responsável pela obra;  
janine.macedo@ifbaiano.edu.br

 


EDUCAÇÃO E SUJEITOS (DE) SUBALTERNIZADOS

 

Janine Couto Cruz Macedo

Mestra em Educação pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)

E-mail: janine.macedo@ifbaiano.edu.br

 

 Nêmia Ribeiro Alves Lopes

Mestra em Letras Estudos Literários pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes)

E-mail: nemia.lopes@ifnmg.edu.br

 

Maria Aparecida Brito Oliveira

Mestra em Geografia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA)

E-mail: maria.oliveira@ifbaiano.edu.br

 

Érico da Silva França

Mestre em Crítica Cultura pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

E-mail: erico.franca@ifbaiano.edu.br

 

A PERSPECTIVA INICIAL

O livro Educação e sujeitos (de) subalternizados é o resultado de uma iniciativa dos(as) integrantes do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI) e do Grupo Gênero, Diversidade e Inclusão (GEDIN) do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia - IF Baiano Campus Bom Jesus da Lapa.

A obra, ambientada no espaço educacional, traz ao centro dos diálogos, a luta das pessoas negras, dos indígenas, das populações do campo, das pessoas com deficiência, das mulheres, em especial as mulheres negras, entre outras representações sociais que historicamente tiveram suas presenças invisibilizadas.

O PROCESSO

O trabalho surgiu das inquietações tecidas tanto no âmbito do NEABI quanto das ações desenvolvidas pelo GEDIN. É, antes de tudo, um referencial de linguagem acessível para os mais diversos seguimentos, especialmente para os educadores e educadoras e as sujeitas e sujeitos envolvidos(as) com a causa dos mais marginalizados da sociedade.

            Os textos que compõe essa obra são frutos de reflexões, provocações e pesquisas realizadas por autoras e autores. Em cada um dos escritos é possível reconhecer a defesa das pessoas excluídas, reconhecendo-as como protagonistas das mudanças.

Nesse sentido, contribui para o debate a perspectiva de Gomes (2005, p. 147) quando afirma que “O processo educacional também é formado por dimensões como a ética, as diferentes identidades, a diversidade, a sexualidade, a cultura, as relações raciais, entre outras [...]”, perspectivas que perpassam os vários escritos da obra.

            A opção das autoras e dos autores coaduna com o sentido de reconhecer a educação e, especialmente, a escola como um espaço que deve permitir a emancipação dos sujeitos e, desse modo, auxiliar na libertação dos povos e da sociedade.

Amplifica essa discussão os escritos de bell hoocks (escrito em letra minúscula, pois pretende dar enfoque ao conteúdo da sua escrita e não à sua pessoa), quando ela defende que “[...] temos a oportunidade de trabalhar pela liberdade, exigir de nós e de nossos camaradas uma abertura da mente e do coração que nos permite encarar a realidade [...] para transgredir [...]” (HOOKS, 2013, p. 273). E na direção de uma “[...] educação como prática da liberdade [...]” (HOOKS, 2013, p. 273), pois não podemos negligenciar o passado opressor, não podemos apenas esperar no presente e, especialmente, não podemos deixar de traçar o futuro que significa, muitas vezes, novos enfrentamentos.

Nesse caminho, pensar estratégias, modos de resistências, evidenciar conquistas, desnudar ações opressoras, denunciar injustiças, tencionar novos debates e colocar em tela o papel ativo daqueles que, por muito tempo, foram silenciados torna-se o objetivo comum da escrita dessa obra.

            É ponto crucial da obra, pensar os movimentos outros do fazer educação, das perspectivas que incluem, da concepção da multiplicidade dos diferentes espaços, dos públicos prioritários, do repensar das práticas e metodologias em salas de aula e da busca/construção de novas aprendizagens. É um chamamento aos agentes educacionais à reflexão do fazer pedagógico e do seu lugar no/mundo da educação.

            À vista disso, o texto que abre o livro aponta a demanda em conceber nas instituições de ensino, espaços e núcleos atentos às sujeitas e sujeitos que historicamente foram postos(as) à margem.

O texto seguinte aborda de maneira muito singela e, ao mesmo tempo, científica como o ensino das Pessoas com Deficiência deve partir da premissa da inclusão, da amorosidade e da responsabilidade educacional. O terceiro texto nos convida ao deslocamento de nossas “velhas visões”, instigando nossos sentidos e desnudando nossas almas para pensar a partir de um oportuno movimento de guetização e contra-cultura.

            Sem perder de vista a centralidade inclusiva, os seguintes textos trazem em seu arcabouço a interseccionalidade de gênero, a inclusão de pessoas monoculares em espaços acadêmicos e as reentrâncias proporcionadas pelo debate da formação docente a partir da perspectiva da educação do campo.

            O livro ainda se desdobra para outros debates e nos inquieta com questões ligadas à atuação das mulheres do Projeto Formoso (perímetro de irrigação localizado em Bom Jesus da Lapa/BA e que se destaca pela produção de banana) e avança ao discutir a  Educação de Jovens e Adultos e sua ligação com a concepção emancipatória, demarcando um olhar profundo sobre os(as) sujeitos(as) escolarizados(as).

O desenho socioeconômico do Território do Velho Chico evidencia as condições precárias e históricas experimentadas por sua população. Em contrapartida, demarca o papel ativo desempenhado pelos povos da resistência no território.

            A obra ainda insurge em seu texto de encerramento, ao tartar, sob uma concepção poética, a (des)colonização de nossos olhares no que tange à perspectiva indígena e a abordagem socioambiental.

POR FIM

            Em suma, em seus textos, a obra, composta de doze sensíveis artigos, traz a demanda em pensar e discutir as relações de gênero a partir da literatura negra feminina, as relações inter-raciais entre mulheres negras e brancas e a necessidade de insurgir epistemicamente a partir da presença/ausência das questões indígenas em nossas salas de aula.

Os escritos desse livro evidenciam uma congregação de denúncias e levantes contra as hegemonias e as relações desiguais de poder que mesmo em pleno século XXI teimam em revisitar práticas de outrora. A grande expertise da obra Educação e sujeitos (de) subalternizados é o cuidado que cada um dos autores tem em empreender os seus escritos-denúncias sem perder a poesia, a ternura e esperança na educação e na sociedade.

REFERÊNCIAS

GOMES, Nilma Lino. Diversidade cultura, currículo e questão racial. Desafios para a prática pedagógica. In: ABRAMOWICZ, Anete; BARBOSA, Maria de Assunção; SILVÉRIO, Valter Roberto (orgs.). Educação como prática da diferença. Campinas: Amazém do Ipê, 2006. p. 21-40.

HOOKKS, Bell. Ensinando a transgredir: a Educação como prática de liberdade. Tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2013. 



Comentários

  1. Olá!

    É com imenso contentamento que iniciamos o I Congresso Internacional Online de Educação Profissional, Territórios e Resistências. Desejo que seja um evento de fecundos diálogos e reflexões auspiciosas sobre o papel da educação e suas relações.

    Recomendo o estudo atencioso do resumo expandido sobre o livro: EDUCAÇÃO E SUJEITOS (DE) SUBALTERNIZADOS, organizado por: Janine Couto Cruz Macedo, Nêmia Ribeiro Alves Lopes, Maria Aparecida Brito Oliveira e Érico da Silva França.

    O livro é o resultado de uma iniciativa dos(as) integrantes do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI) e do Grupo Gênero, Diversidade e Inclusão (GEDIN) do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia - IF Baiano Campus Bom Jesus da Lapa. A obra, ambientada no espaço educacional, traz ao centro dos diálogos, a luta das pessoas negras, dos indígenas, das populações do campo, das pessoas com deficiência, das mulheres, em especial as mulheres negras, entre outras representações sociais que historicamente tiveram suas presenças invisibilizadas.

    Por favor, ao final da leitura deixe suas considerações e questionamentos (não esqueça de colocar o seu nome completo).

    Participe!

    Um ótimo evento!

    Antonio José de Souza

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    1. Olá querido Antônio José de Souza. Gostaria de agradecer o seu cuidado em relação a essa obra que é o resultado de muitos estudos, pesquisas e diálogos. Uma obra regada a carinho, amorosidade e compromisso com a uma educação emancipatória.
      Quero imensamente reiterar a minha gratidão pela oportunidade e parabenizar pelo evento tão necessário nesses tempos sombrios.
      Abraços!!

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    2. Obrigado, Ana!
      Sua gentiliza, fortalece-nos.

      Forte abraço!

      Antonio José

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  2. Boa noite, parabenizo essa construção bonita. Eu sou uma mulher negra da roça. Sou de uma família que não tiveram/ficaram na escola, devido a esse histórico de negação de direitos que de forma desumana vai infelizmente se alastrando, perpassa gerações. Tenho buscado/lutado para permanecer nos espaços de educação. Portanto, tão oportuno é esse debate e a escrita de vocês. O preconceito têm contribuído para a evasão escolar, pelo ser negra(o), indígena, da roça, pela opção de sexualidade, por ser pessoa com deficiência.

    Deixo como questão:

    Concordam que a Escola, não está preparada para lidar com a diversidade e com a diferença? Concordam que nós enquanto docentes também estamos negligenciamos esse debate?

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    1. OOi, Ana, Tudo bom??
      Obrigada por seu carinho com a nossa obra. Seu depoimento é muito forte e necessário, pois nos coloca em contato com o sentimento de pertencimento que tanto precisamos na ambiência educacional.
      Respondendo suas perguntas, acredito que a escola ainda caminha a passos lentos no que tange à educação antirracista. A escola ainda flerta com a invisibilização do racismo, com abordagens pedagógicas hegemônicas e eurocêntricas e com metodologias entrecortadas por um racismo epistêmico bem acentuado. Entretanto, não podemos deixar de considerar que existem avanços. Existem muitos docentes que estão atentos à questão racial, provocando, debatendo, insurgindo na luta antirracista. é preciso pontuar essas questões e esses avanços inclusive, para fazer valer a luta de nossos ancestrais, nossas irmãs e irmãos que historicamente nos orientaram a sempre resistir.
      O importante agora, é não deixar que nos coloquem a nenhum passo atrás.
      Abraços, Ana . Estamos na luta!!

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  3. Ana Maria Anunciação da Silva24 de setembro de 2020 às 18:01

    Gostaria de informar que o comentário/questões acima são meus- Ana Maria Anunciação da Silva

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  4. Olá!
    Tudo bem como vcs?

    Gostei muito do livro, pois apresenta uma discussão extremamente relevante.

    Desse modo, gostaria de saber: qual avaliação que vcs fazem da formação docente, especialmente daqueles(as) que estão inseridos(as) na Educação Básica e nas escolas públicas, acerca do temário diversidade(s)?

    Parabéns pelo trabalho.
    Forte abraço.

    Antonio José de Souza

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    1. Olá, Toni. Agradeço o seu questionamento e o considero especialmente pertinente. Quando tratamos da educação básica, da formação e da diversidade um elemento se materializa: o curriculo. E quando eu digo " currículo" eu aponto tanto da educação básica, como da formação de professores. Tanto um quanto outro ainda estão submersos em uma moldura social hegemônica e eurocêntrica. Ou seja, nossos cursos de licenciatura agem em consonância com o que preconiza o sistema heteronormativo, cristão, cis e neste movimento, não permite que outros debates que eu denomino de anticoloniais sejam empreendidos. Nesse sentido, a educação em qualquer dos seus níveis se fragiliza, restando a alguns agentes mais atentos, a provocação de movimentos insurgentes, transgressores, decoloniais.

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  5. Saudações aos participantes!

    Estamos chegando ao fim do I Congresso Internacional Online de Educação Profissional, Territórios e Resistências. Agradeço muitíssimo a participação de todas/os vocês que se dispuseram a estar conosco.

    Refletimos, debatemos e dialogamos, ao fim, estou satisfeito e agradecido pela colaboração de todas/os e até o próximo!

    Abraços!!!

    Antonio José de Souza

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