SOUZA, Antonio José de; SOUZA, Heron Ferreira. Educação no/do campo: entre o concebido, percebido e vivido. Curitiba: Editora CRV, 2020.

 

 

Ficha técnica

Livro: EDUCAÇÃO NO/DO CAMPO: entre o concebido, percebido e vivido.

Organizadores: Antonio José de Souza e Heron Ferreira Souza.

Sinopse: O conteúdo reunido neste livro reflete a articulação entre ensino, pesquisa e extensão construída no diálogo com sujeitos do campo através das ações dos(as) pesquisadores(as) e estagiários(as) do Laboratório de Políticas Públicas, Ruralidades e Desenvolvimento Territorial – LaPPRuDes / IFBaiano e materializada na proposta de Especialização em Educação do Campo, além das parcerias que foram surgindo e se fortalecendo entre professores(as), estudantes e comunidades no processo de execução do curso no IFBaiano Campus Serrinha.

Palavras-chave: Educação do Campo. Formação docente. Identidades.

Área de conhecimento: Ciências Humanas

Tema: Debates sobre questões atuais em educação e ensino

Editora: Editora CRV

Link do livro: https://editoracrv.com.br/produtos/detalhes/34773-educacao-no-do-campobr-entre-o-concebido-percebido-e-vivido

Ano de publicação: 2020

Como citar: SOUZA, Antonio José de; SOUZA, Heron Ferreira. Educação no/do campo: entre o concebido, percebido e vivido. Curitiba: Editora CRV, 2020.

 

EDUCAÇÃO NO/DO CAMPO: ENTRE O CONCEBIDO,

PERCEBIDO E VIVIDO

 

Antonio José de Souza

Doutorando do Programa de Pós-graduação em Família na Sociedade Contemporânea - Universidade Católica do Salvador (UCSal). Professor da Educação Básica do município de Itiúba/BA. Professor colaborador da Especialização em Educação do Campo (IF Baiano/Serrinha). Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB). E-mail: tonnysouza@gmail.com

 

Heron Ferreira Souza

Doutor em Educação - Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Professor efetivo do Instituto Federal Baiano, campus Serrinha. Professor no Programa de Mestrado em Educação Profissional e Tecnológica - ProfEPT. E-mail: heronifbaiano@gmail.com

 

 

A PERSPECTIVA INICIAL

O conteúdo reunido neste livro reflete a articulação entre ensino, pesquisa e extensão construída no diálogo com sujeitos do campo através das ações do (a)s pesquisadores (a)s e estagiários(as) do Laboratório de Políticas Públicas, Ruralidades e Desenvolvimento Territorial – LaPPRuDes / IFBaiano e materializada no projeto de Especialização em Educação do Campo, além das parcerias que foram surgindo e se fortalecendo entre professores(as), estudantes e comunidades no processo de execução do curso no IFBaiano Campus Serrinha.

            Em síntese, o LaPPRuDes foi concebido como espaço de diálogo e ação com os sujeitos do campo, buscando contribuir para a construção de uma ciência popular, o que significa produção de conhecimento com os sujeitos e relacionado com seus problemas imediatos, a partir de uma leitura crítica da realidade e tendo como bases teórico-metodológicas a Pesquisa-Ação, a Educação Popular,  a Agroecologia e Economia Solidária.

 

O PROCESSO

Portanto, procuramos, nessa coletânea, reunir textos que compõem os meandros e os esforços epistemológicos do LaPPRuDes e o “fazer interdisciplinar” da Especialização em Educação do Campo, através da escrita de professores (a)s) e profissionais de áreas disciplinares distintas, mas que objetivando o rompimento de fronteiras, alcançou, nessa obra, a transversalidade na Educação do Campo pela Agronomia, Biologia, Geografia, História e Pedagogia e outras áreas.

Tem-se, também, o afrouxamento da rigidez fronteiriça no tocante às metodologias utilizadas nos estudos quando a Pesquisa-Ação e a Pesquisa (auto) biográfica encontram-se amalgamadas, possibilitando que sujeitos, outrora enxergado (a)s como “objetos de estudo”, assumam o lugar de pesquisador (a), inclusive, de sua própria prática pedagógica.

É exatamente o que acontece no artigo intitulado Identidades e cultura na docência do campo/roça: reflexões sobre a docência em classes multisseriadas, escrito por Thaciane Araújo e Antonio José. Trata-se de uma parte resultante do todo pesquisado acerca das identidades e cultura dos povos do campo/roça, bem como da docência em classes multisseriadas. Os autores, em especial a primeira, têm uma profunda imbricação com o tema, pois, vincula-se à sua história de vida e ascendência, pois é filha de agricultores e estudante da escola da roça quando criança. Por isso, as lembranças e trajetórias pessoais e profissionais, situam à pesquisa na sala de aula da professora Thaciane, localizada numa comunidade rural do município de Biritinga/Ba, marcada por abandono e descaso, sem um Projeto Político Pedagógico voltado para uma educação contextualizada com a realidade dos moradores.

Em seguida, tem-se o texto de Marilucia Santos e Antonio José com o título Formação docente na educação do campo/roça: o desafio da ocupação do espaço social e escolar “urbano-centrado”. No mencionado trabalho os autores buscaram investigar e compreender a contribuição da formação docente na Educação do Campo/roça para a ocupação do espaço social e escolar “urbano-centrado” do município de Santo Antônio de Jesus/BA. Observará que o texto é escrito em primeira pessoa do singular, porque a primeira autora lança mão de memórias pessoais, revelando sua implicação com o temário pesquisado.

No texto, Educação do campo e a articulação com os saberes locais, Mônica Carmo e Heron Souza se debruçam sobre a interação e envolvimento entre o processo escolar, a comunidade e os saberes locais como um dos principais elementos que consolida e dá solidez à prática da Educação do Campo. Desse modo, buscou-se neste artigo analisar, dialogar e interpretar as informações da pesquisa, tendo como sujeitos os estudantes/camponeses da comunidade Barra de Ipueira/Serra do Ramalho/BA.

Na trilha da Educação do Campo, deparamo-nos com o estudo Percursos de uma Pesquisa-Ação na formação de professores no/do campo em Jiquiriçá/BA de Edilene Santana e Heron Souza, revelando-nos a importância da consolidação de uma política de formação de professores para a construção da Educação do Campo no município de Jiquiriçá/BA. Nesse estudo, a primeira autora também recorre ao território de suas memórias desde a infância na roça, passando pelas longas caminhadas até a escola da cidade para, finalmente, conhecer os ardis do preconceito por ser da roça.

Kelly Santiago e Davi Costa no artigo Ser-tão: as contribuições da ATER da UNICAFES BA no fortalecimento do sentimento de pertença de crianças no semiárido baiano refletem sobre a (re) construção das identidades das crianças situadas nos municípios de Gavião e Nova Fátima, localizados no semiárido baiano. O trabalho aponta pistas importantes para a realização de Assessoria Técnica e Extensão Rural nas escolas no campo, sob os princípios da Educação Popular e Educação do Campo, enquanto potencializadora de processos educativos capazes de contribuir para o fortalecimento da identidade e do sentimento de pertença das crianças com o campo e com o semiárido.

Daise Carneiro e Maria Auxiliadora escrevem o artigo Pressupostos teóricos e práticos de ações educativas em educação ambiental no contexto do Território de Identidade do Sisal-BA. Refere-se a um estudo que apresenta uma abordagem teórica e prática da Educação Ambiental, com foco na Associação Comunitária dos Moradores de Queimada do Cedro, área rural do município de Conceição do Coité, situado no Território de Identidade do Sisal, semiárido baiano.

No texto Família e escola: um ensaio sobre o dueto e seus conflitos, Antonio José retoma, em parte, o relatório da Avaliação da Aprendizagem do (a)s Educando (a)s 2017 realizada no município de Itiúba/BA, bem como examina Projetos Políticos Pedagógicos (PPPs) de algumas escolas do município citado a fim de verificar a articulação entre o tripé: escola, família e comunidade visando à aprendizagem dos educandos.

No texto Dulcinéia, minha primeira professora, Antonio José faz um breve estudo teórico e dialógico a partir da história de vida e profissão de Dulcinéia, professora negra do Ensino Fundamental de um município do interior do sertão baiano. Desse modo, o autor, explicita as representações e experiências do preconceito racial, vividas por Dulcinéia desde a infância até a fase adulta, assim como a repercussão desses acontecimentos na prática docente, analisando de maneira crítica e reflexiva a formação intelectual e profissional, evidenciando a influência dos fatos, acontecimentos e pessoas mencionadas sobre a professora entrevistada.

Caminhando para o final, encontra-se o artigo, (Auto) biografia em “3ª pessoa”, escrito pela professora Drª Elaine Rabinovich, por Ana Maria e Antonio José. O texto é (auto) biográfico, escrito por três mãos e pessoas diferentes, objetivando lançar mão das suas memórias e histórias de vida, reproduzem-nas sem negligenciar o entrecruzamento benfazejo com outras vozes e pessoas, inclusive como os teóricos e as teóricas. Desse emaranhado, têm-se as experiências, o processo que, por ora, foi tomado a partir da infância para avançar na novidade revelada por si e a si mesmo (a), provocando a consciência identitária, em especial, negra e gay.

POR FIM

A aludida obra merece ser lida, pois, apoiando-nos nas palavras do prefácio escrito pelo professor José Eduardo Santos (2020, p. 10) “[...] os capítulos que compõem este livro  são importantes porque  trazem à tona essas  memórias em  diversas formas, [...] reflexões sobre a experiência, apresentação de novas epistemologias elaboradas a partir das experiências educativas [...].”. Portanto, tal coletânea, destina-se aos professores (a)s comprometido (a)s com o processo educativo a partir do encontro e diálogo com as famílias e a sociedade contemporânea.

REFERÊNCIAS

SANTOS, J. E. F. Prefácio: o fio da cultura, memória e identidade nas narrativas educativas no campo/roça na contemporaneidade e suas inquietações. In: SOUZA, A. J. de; SOUZA, H. F. Educação no/do campo: entre o concebido, percebido e vivido. Curitiba: Editora CRV, 2020, p. 9-13.